Nem sempre houve Quaresma. A primeira celebração cristã foi a Eucaristia de Domingo, a “Páscoa semanal”. Depois, surgiu a celebração anual da Páscoa, na qual os catecúmenos recebiam o baptismo. Ao mesmo tempo, surgiu o Tríduo Pascal da morte, sepultura e ressurreição do Senhor.

A Quaresma apareceu depois como tempo de preparação próxima para o sacramento do baptismo: aqueles que se tinham preparado no conhecimento da Sagrada Escritura, da doutrina cristã, e (sobretudo) numa vida vivida de acordo com os princípios cristãos, viviam os 40 dias da Quaresma olhando para os sacramentos da iniciação cristã que iam receber na noite de Páscoa.

Mas um outro grupo começou também a viver a Quaresma: eram aqueles que tinham pecado gravemente e que, assim, se tinham afastado da comunhão da fé. Queriam regressar à vida da Igreja. Para isso, aos olhos de todos, entravam no grupo dos penitentes. Depois de um tempo, estavam preparados para ser reconciliados com Deus e com os irmãos, numa celebração que tinha lugar na manhã de Quinta-feira Santa. Viviam a Quaresma em atitude de penitência mais intensa, esperando a alegria da reconciliação.

Por fim, foi toda a comunidade que passou a viver este tempo de penitência e de graça, recordando os 40 dias de Jesus no deserto, preparando-se, renovando-se, deixando-se transformar por Deus para a feliz celebração da Páscoa.

A Quaresma é, de facto, um tempo de graça em que, como comunidade, nos preparamos para a alegria da ressurreição. Não nos bastam celebrações avulsas: queremos, de verdade, fazer caminho para a Páscoa que se aproxima e para a própria eternidade.