Jesus deu-nos o mandamento do amor a Deus e ao próximo. Nele se resume, de um modo ou de outro, todo o Evangelho. É um mandamento novo porque tem uma nova medida — a medida máxima: “como Eu vos amei”, diz o Senhor.

Mas o que significa amar? Para muitos, o amor é um sentimento: do mesmo modo que sinto frio ou calor; que sinto que algo me sabe bem ou que é amargo… É um “sentir interior”: sinto-me alegre ou triste; olho para alguém e sinto simpatia ou antipatia… Ora os sentimentos vão mudando, consoante os acontecimentos, mas também consoante os estados psicológicos, subjetivos, daquele que sente (hoje gosto, amanhã já não).

Mas o amor é diferente. Amar não é sentir, é querer bem a alguém. É, em primeiro lugar, um querer. Ou seja: é um acto em que uso e empenho a minha vontade e toda a minha existência, nos seus vários aspetos e dimensões.

E, por isso, amar é um acto em que uso também a minha razão. E uso-a para querer bem ao outro, para o colocar (Deus ou o próximo) acima de mim mesmo. De facto, só Deus ou um ser humano, uma outra pessoa, é digna do nosso amor. Um objeto ou um animal podem suscitar em mim sentimentos (de ternura, de compaixão, de agrado…), mas não merecem que me esqueça de mim por sua causa.

Percebemos assim como Jesus pode dar o mandamento do amor aos inimigos. Mesmo que não goste daquilo que alguém me fez, devo esforçar-me por lhe querer bem, sendo espelho de Deus, vivendo como Jesus, que entregou a sua vida para que todos se possam salvar.
É esta conversão ao amor que nos é pedida na Quaresma e em toda a nossa vida de cristãos. É ela a única que pode mudar o mundo.