A vocação não chega por meio de uma voz ribombante vinda do céu. Na grande maioria, são acontecimentos quotidianos a que aquele que é chamado atribui um significado tal que a sua existência passa a ter um sentido novo. E claro que isso também pode suceder no meio de acontecimentos excecionais.

É a perceção da Presença de Deus e da sua vontade, a perceção da sua passagem por nós, pela nossa vida, que faz com que, a partir daquele momento esta siga um novo rumo. E precisa de ser confirmada por outros sinais, pela oração, pela perseverança feliz e pela própria Igreja.

Foi o que sucedeu com Pedro. Desde aquele primeiro momento do lago, em que o Pescador deixou as redes e o barco e seguiu Jesus (Mt 4,18-20), muitos foram os seus “momentos vocacionais”: quando o Senhor lhe disse que se chamaria “Pedra”, Pedro (Jo 1,40-42); em Cesareia de Filipe, depois de ter dito que Jesus era o Messias (Mt 16,13-19); até àquele encontro com o Ressuscitado, quando, depois de ter confessado por três vezes o seu amor a Jesus, este lhe deu o encargo de apascentar as suas ovelhas e lhe disse: “Segue-Me” (Jo 21,15-19).

A vocação do Papa é também assim. Muitos poderão ver nela o fruto de uma qualquer estratégia política, de interesses, de blocos contrapostos, como sucede na política ou nas organizações humanas. Mas, de facto, é simplesmente a vocação, o chamamento que chega àquele homem por meio de uma eleição. É assim com o sucessor de Pedro como é assim com os outros bispos, com os padres, os religiosos, os batizados.

Como vemos, a grande questão vocacional é a de estarmos despertos para acolher a palavra que Deus nos dirige e termos a disponibilidade para a cumprir na nossa vida. Como Pedro, como os Apóstolos, como o Papa.