Uma das características do “Estado Novo”, derrubado no 25 de abril era a de julgar que sabia o que todos deviam pensar e ser. Não era um exclusivo. Desde o tempo do Marquês de Pombal que a maioria dos nossos governantes tinham esse tique de julgar saber o que é melhor para o país e para os cidadãos. Todos os que pensavam de modo diferente, que propunham uma abordagem alternativa à do poder, pensavam mal.

A seguir ao 25 de Abril, veio o célebre PREC (“Período Revolucionário em Curso”). Também nesse tempo não foram capazes de resistir à tentação… Tudo devia ficar debaixo do controle governativo. Aliás, na Europa de Leste (de quem queriam que fossemos os discípulos), era assim que funcionava: era, simplesmente, proibido pensar diferente.

Podíamos julgar que tudo isto são coisas do passado; que hoje existe liberdade de opinião e de expressão. Mas basta dar uma olhadela às nossas televisões para começarmos a desconfiar. As notícias são exactamente as mesmas, em todos os telejornais — como se todos os jornalistas, todos os dias, tivessem os mesmos pensamentos. Logo depois, aparecem os “comentadores” (e, desde há algum tempo, os “comentadores” dos “comentadores”), a dizer como devemos pensar… Sim, acerca de Abril, ainda há muito para fazer!…